20 maio, 2010

O mundo maravilhoso: Compre um celular e ganhe 10 viagens para a África do Sul

A cultura realmente é algo que define as atitudes de um povo. Em minha leitura matinal me deparei com um anúncio que me fez refletir e escrever.

No Brasil, temos o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - CONAR - e o Código de Defesa do Consumidor que moldam a forma como a mensagem publicitária pode e deve ser passada ao consumidor. Em alguns casos, pode até acarretar problemas para a Empresa e, consequentemente, para a agência.

A Casas Bahia, por exemplo, criou aquela antiga (nem tão antiga) e famosa campanha "Quer pagar quanto?". O Brasil inteiro ficava repetindo essa frase. O mais interessante foi quando criaram broches para os funcionários com esse slogan. Como um bom latino, o brasileiro e sua malícia, ao ver as funcionárias da empresa usando o broche "Quer pagar quanto?" o que imaginam? Sim. Todos pensaram isso. E, como a Pilha Errada move o mundo, uma das funcionárias se sentiu ofendida e entrou com uma ação judicial contra a empresa, saindo com uma indenização de R$15.000,00. É, aconteceu de verdade.

Enfim, por que estou falando sobre isso?

Voltando ao tema CULTURA, encontrei um anúncio da SAMSUNG em um jornal de grande circulação em Portugal que dizia: “Vá à África do Sul puxar a Selecção. GANHE 10 VIAGENS na compra do telemóvel Oficial da Selecção Nacional”. Após ler esse anúncio, procurei o escondido e protetor asterisco. Vasculhei o anúncio durante uns 5 minutos. Não o encontrei. Aquelas letrinhas ao lado diziam que a promoção era válida enquanto durarem os estoques. Não sei se é o meu jeito brasileiro de ser, mas a primeira coisa que pensei foi: "Nossa! Que forma mais econômica e agradável de ir à Copa!".


Anúncios com mensagens assim são muito recorrentes por aqui. Eu me assusto. Sempre. As pessoas dizem que é normal.
Daí me veio algumas perguntas: Certo ou Errado? Normal ou Estranho? Seriam os brasileiros maliciosos/aproveitadores ou a cultura europeia é realista demais a ponto de saber que uma promoção nesse estilo é impossível?

19 maio, 2010

Saia de 'Jurassic Park' para não acabar no 'Titanic'

Há muito tempo venho acompanhando o mercado interativo e só agora me toquei o quanto diversas agências continuam vivendo na idade da pedra. Com a crise financeira de 2008, as desculpas de muitas por aí era a redução de investimento por parte dos clientes. Neste momento, dois anos após a queda dos mercados financeiros em todo mundo, Portugal vive uma crise de tudo. Há uma crise de confiança, e a publicidade é uma ferramenta muito conservadora.

As pessoas que arriscam o seu dinheiro na publicidade não querem mudar o mundo, querem vender os seus produtos. Então, se a 'terrinha' está a viver um mau momento, a publicidade também reflete isso. É muito insegura, não arrisca, não vai mais além do que se deve ir. É conservadora, só explora o que a sociedade tem, e ela não está feliz, contente ou delirante. Está reprimida e descontente, e isso é percebido nas campanhas.

Tudo bem que o país em que estou atualmente possui uma história muito complicada e só agora as pessoas estão conseguindo se livrar dos ranços da ditadura. Desde 1985, Portugal se encontra em processo de modernização. Juntou-se à União Europeia, mudou a moeda (2002) e, com isso, mudou o poder de compra e as esperanças da população, o que torna essa unha da Europa (expressão carinhosa que criei para Portugal!) um caso à parte. Com todas essas peculiaridades, nota-se que é extremamente necessária a dedicação a coisas novas.

Estando no Brasil durante a última crise, percebi que o medo é real (sem trocadilho!). Mas em Portugal, mesmo com a 'faminha' por estar na Europa, a crise pegou ainda mais forte. Os portugueses estão em clima de velório. Agora, imagine. Um país em crise ter que desembolsar milhões de euros para emprestar a outro que está ainda pior! Esse problema é passado para o consumidor, já que o governo precisa aumentar os impostos e diminuir salários. Sim, minha gente, a coisa está feia na terra dos Joaquins!

Ainda assim as pessoas não podem deixar de consumir. Isso é da natureza humana. Não adianta. Mas, com essa avalanche econômica no país, a inovação se tornou fator essencial para atingir o target e proporcionar um "amor à primeira vista". Caso contrário, as agências e clientes farão como no Titanic: Cantar enquanto o barco afunda.

Para não esquecer: Um passo à frente do consumidor, como sempre.

O meu maior objetivo profissional é compreender o mercado, os clientes e, principalmente, o consumidor.

Se tratando de um mundo globalizado que se conecta mais a cada dia e pessoas com hábitos cada vez mais similares, resolvi rodar em alguns países e utilizar a experiência cultural adquirida para ouvir pessoas, comunidades, empresas e clientes de diversas partes do planeta. Esse tour tem auxiliado no desenvolvimento de uma enorme sensibilidade, não só em relação ao consumidor, mas em relação à aplicação estratégica das necessidades das pessoas.

Essa visão diferenciada adquirida tem auxiliado na criação de ações estratégicas cada vez mais significativas e focadas no target, pois tenho tentado traduzir e englobar o máximo possível da linguagem do consumidor em tudo o que são processos de tomada de decisão criativas dentro da agência. Ou seja, trazer para o ambiente web tudo o que o consumidor moderno espera de uma empresa inovadora através do paralelo comum traçado a partir do estudo dos diferentes tipos de pessoas.

Essa experiência tem deixado claro o quanto as agências de publicidade têm de estar obrigatoriamente um passo à frente da linguagem do consumidor, pois, ao ficar parada no tempo aguardando a reação do mercado para agir, automaticamente esvaziam-se da sua função de levar às empresas o poder de encantar o consumidor.

A maior parte das agências atuam sobre as motivações e necessidades do consumidor, mas se manter uma posição de apenas responder às necessidades e motivações, não será diferenciador.

Cabe às agências, não só satisfazer as necessidades que existem, mas redescobrir novas necessidades.

Enfim, voltando!

Nossa! Quanto tempo não escrevo aqui!


Há mais de um ano não posto nada, e durante esse tempo muita coisa se passou. Viagens, experiências, amizades, culturas... Nossa! Muita coisa.

Atualmente estou vivendo em Portugal, e pode ter certeza que essa mudança de cultura fez borbulhar muitas ideias e observações relacionadas a comportamento e uso das tecnologias.

Resolvi passar essas experiências para textos e, com a ajudinha da @Beca_Ribeiro, vou postá-los aqui nos próximos dias.

Espero gerar conteúdo relevante no blog novamente e conto com a ajuda de vocês como incentivo a essa empreitada!

Então, vamos nessa! Que venham os primeiros posts de uma nova temporada de MVOO (que poderá mudar de nome nos próximos dias!).

Agradeço pela visita e conto com sua colaboração.

Um forte abraço.
Vinícius Luiz